Menção honrosa - 14° Concurso CBCA: Saúde e Bem-estar

14º Concurso CBCA para Estudantes de Arquitetura: saúde e bem-estar

Equipe: Estevão Diniz Trevisan, Guilherme Fernando Pinto, Gustavo Maravieski
Orientadora: Karina Scussiato Pimentel
A LOCALIZAÇÃO:

O terreno escolhido está situado na Praça Tiradentes, antigo Largo da Matriz, também conhecido como o marco zero da cidade de Curitiba. Esta praça já abrigou uma pequena capela em torno da qual se desenvolveu a Vila Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, a demolida Casa de Câmara e Cadeia, os antigos bondes elétricos, e desde 1876, abriga a Catedral Basílica de Curitiba. O local era o centro catalisador das atividades políticas, religiosas e comerciais desde a fundação da vila. No séc. XX, passou por uma ressignificação por conta das transformações ocorridas na cidade, como o surgimento de novas ruas importantes e centros administrativos. A escolha do abandonado edifício Pires se dá pelo fato dele representar a modernização da praça e de Curitiba, construído em 1941, uma das primeiras edificações não-ecléticas da Praça. O projeto propõe um retrofit da edificação, e o uso da estrutura metálica permite adequação para usos contemporâneos, promovendo a ocupação e ressignificação dos uso no centro urbano de Curitiba. Manter viva a memória da cidade é um dos objetivos do Centro de Promoção à Saúde Mental de Curitiba, que atua como uma extensão da Praça Tiradentes, promovendo o bem-estar da saúde mental e servindo de infraestrutura urbana aos transeuntes, como uma galeria de passagem. A edificação é um convite para explorar as praças elevadas e mirar o centro a partir da cobertura, democratizando a edificação aos cidadãos de Curitiba.
O PARTIDO:

Como Byung-Chul Han aborda em seu livro “A Sociedade do Cansaço”, hoje vivemos em uma sociedade em que as principais patologias são doenças neurais, decorrente de uma sociedade de desempenho excessivo que vem nos levando ao cansaço e esgotamento. Seguindo a ODS 3.4 da ONU, buscamos a promoção da saúde mental e do bem-estar em uma edificação que é uma extensão do ambiente urbano, utilizando a psicoterapia psicanalítica na rua como principal instrumento de atendimento, nas áreas públicas internas da edificação. Promover a psicanálise coletiva e pública oferece, segundo o precursor da proposta da Clínica Aberta, Tales Ab’Saber, escutar as ruas, e as indagações devolvidas por essas, possibilitando uma transformação das pessoas, da teoria e da prática da psicanálise. Portanto, o projeto possui clínicas coletivas e públicas, abertas para o contexto local, buscando, através de princípios democráticos e coletivos, incentivar a universalização do acesso à psicanálise. Essas experiências coletivas, além de romper o atendimento individual, trazem novos aprendizados para a teoria psicanalítica. Desta forma, o projeto prevê um espaço dedicado à pesquisa, estudo e promoção dessa prática ainda recente. O projeto também procura comportar instituições já existentes, dedicadas em promover saúde mental e bem estar à população da cidade, como o CAPS (centro de atenção psicossocial), o CAPS infantil (CAPSI), e atendimento a pessoas com dependência de álcool e drogas (CAPSAD). A discussão da saúde mental deve ser considerada na relação entre desigualdade social, políticas públicas e território, onde este último se torna o local de reconstrução da sociabilidade e inclusão das pessoas. Portanto, o projeto busca reconstruir relações sociais que ampliem o pertencimento das pessoas na convivência cotidiana, não só com salas de tratamento individual, mas com praças, áreas de psicanálise pública que são extensões do ambiente urbano, com consultórios, ambientes de apoio para trabalho e banheiros públicos. 

A ESTRUTURA:

Restaurar uma edificação permite a readequação de seu uso para um programa não planejado a ele, e a estrutura metálica gera um solução de intervenção não agressiva e reversível, utilizando o aço como um complemento no pré-existente. Com o intuito de preservar o máximo possível da configuração original da edificação, foram utilizadas barras chatas presas com parafusos passantes para o reforço nas vigas, e pilares H na frente dos pilares não removidos. A cobertura é formada por um grande pórtico entre a parede cortina de concreto do anexo e os reforços metálicos dos pilares da fachada, com “vigas-mãe” de aço 610x140 que suporta os tirantes das lajes do antigo edifício e do anexo. O anexo, modulado a partir da estrutura do edifício Pires, comporta a infraestrutura de circulação vertical e sanitária, como também as praças elevadas, o auditório e as áreas administrativas do conjunto. O edifício Pires abriga todo o programa clínico e de atendimento, com salas para atendimentos específicos, individuais, grupais, infantis, entre outros. A ligação entre o anexo e o edifício se dá por passarelas que contraventam ambas estruturas. O átrio, formado entre ambos, ilumina todo o conjunto e cria uma galeria de passagem, onde é feita a ligação entre ambas as testadas do lote, criando assim uma conexão da edificação com o meio urbano.
O projeto está publicado nas seguintes plataformas:

Menção honrosa - 14° Concurso CBCA: Saúde e Bem-estar
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